sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Silêncio a dar lugar ao valor de Henry Levinspuhl

Esse texto não é meu, é do Henry, meu amigo de longa data, um escritor admirável que odiava tudo relacionado a Deus, foi estudar filosofia para refutar adequadamente os que Nele criam, e acabou apaixonado por Ele:

Se falar implica usualmente em dano é talvez porque, em geral, estamos desprovidos de espiritualidade, quando muito ainda raquítica, mirrada, nada preponderante, e mesmo quando só queremos discutir acerca dela, o que é pior que calar. A espiritualidade, o verdadeiro amor, é sábio e livre, embora mais raro do que a presunção imagina. Fora dela cumpria cultivar boa dose de precaução, e o mundo seria mais silencioso. Não é, e somos forçados a conviver com a tagarelice diária, senão mesmo com o quanto se acha no direito de derramar suas águas turvas onde quer que esteja, inundando as imediações de uma enxurrada catastrófica. A espiritualidade é bela como a brisa que farfalha as copas da vegetação profusa, e facilmente o perceberíamos se descansássemos o barulho. Então, e até sem palavras, um dia transmitiria glória a outro; a noite, a outra noite. Porém, tão persuadidos foram nossos vasos ocos de que deveriam tilintar incessantemente; ou ainda pior, pois garrafões de beberagem nociva se derramam em incessante brindar do direito conquistado para a fraude ganhar o mundo inteiro, perdendo não só a própria alma, senão ainda a dos outros. E posto que, em geral, somos desprovidos de espiritualidade, ou, quando muito, ela é ainda raquítica, mirrada, nada preponderante, tornar-se reservado seria imensa virtude, ou ao menos o caminho mais curto para chegar a ela.

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